Percursores da literatura moçambicana escrita moçambicana: Fase/ período
Introdução
O
presente trabalho fala acerca da literatura moçambicana, o início da literatura
moçambicana pode ser considerado, como no caso angolano, o surgimento da
imprensa (Boletim Oficial, 1857, O Progresso, 1877–1881, Clamor
Africano, 1892 etc.). O mais importante é, no entanto, O Brado
Africano (1918) dos irmãos José e João Albasini, de
orientação para temas das populações locais, em que se reúnem os autores como Rui
de Noronha, Fonseca Amaral ou Virgílio Lemos. João Albasini
é também autor de uma obra fundacional na poesia moçambicana, O Livro da
Dor (1925). Por outro lado, os primórdios da ficção devem-se a João
Dias (Godido e Outros Contos, ed. da CEI de 1952).
Nos
inícios dos século XX escreve também Rui de Noronha (Sonetos,
1946, postumamente). Mais tarde surgem as revistas Itinerário (1941–1955)
e, sobretudo, Msaho (1952), preocupada com a “moçambicanidade”, com
número único, em cujas páginas foi publicado o que era essencial na poesia da
época. Neste período, antes da independência, há pelo menos três poetas que
devem ser salientados: Noémia de Sousa (Sangue Negro, caderno
policopiado), José Craveirinha, o “poeta nacional”, com obra nos
jornais, revistas e gavetas (Xigubo, 1964, Karingana ua Karingana,
1974, Cela 1, 1980, e Maria, 1988) e Rui Knopfli (Mangas
Verdes com Sal, 1969).
Na prosa
destaca-se Luís Bernardo Honwana (Nós Matámos o Cão Tinhoso,
1964) e Orlando Mendes, o autor do primeiro romance moçambicano (Portagem,
1966). Em 1971–1972 saem ainda os cadernos Caliban sob a direção de António
Quadros, Eugénio Lisboa e Rui Knopfli, de caráter cosmopolita,
não vinculado à luta pela libertação, onde são publicados autores portugueses
ao lado de moçambicanos. Após a independência, aparece a revista Charrua (1984),
em que se revelam os novos autores como Ungulani Ba Ka Khosa, e Gazeta
de Artes e Letras (da revista Tempo), dirigida por Luís Carlos
Patraquim, um dos maiores nomes da poesia contemporânea (Monção,
1980). Entre os autores contemporâneos, mundialmente conhecidos e traduzidos,
destacam-se Mia Couto e Paulina Chiziane. Esse é o percurso que a
literatura moçambicana teve de percorrer até aos nossos dias e esse trabalho
aborda-o de um modo sintetizado, o presente trabalho, abordará também acerca
das figuras de estilos e das funções da linguagem…
Percursores
da literatura moçambicana escrita moçambicana : Fase/ período.
Segundo Manuel Ferreira (1987),
ao examinar as literaturas africanas de língua portuguesa em seu conjunto,
reconhece quatro momentos distintos de produção literária, que podemos dividir
em dois grupos: a) a literatura das descobertas
e expansão; b) a literatura colonial,
que ainda não podem ser consideradas africanas; c) a literatura de sentimento nacional; e d) a literatura de consciência nacional, essas, sim, pilares da
construção dos sistemas literários nacionais dos países africanos de língua
portuguesa.
Ferreira destaca, no
período c), os irmãos José e João Albasini, fundadores de O Africano e O
Brado Africano, e Campos Oliveira, poeta da ilha de Moçambique, considerado
o primeiro poeta moçambicano.
d) Consciência nacional:
Essa se forma a partir da literatura de sentimento nacional, conforme Ferreira
(1987, p.40): Em Moçambique, essa literatura de consciência nacional tem
início, na lírica, com a publicação de Sonetos (1943), de Rui de
Noronha, e na narrativa, com Godido e outros contos (1952), de João
dias; esta obra é apontada por Ferreira como a primeira narrativa moçambicana. Embora
alguns estudiosos aludem a obra do João Albasini O “livro
da dor” de 1925, como a primeira obra
moçambicana. Manuel Ferreira discorda, alegando: “Embora a experiência de João
Albasini [...] ganhe o direito de ser aqui registrada, numa perspectiva da
história literária não alcançou qualidade intrínseca para se tornar um texto de
valia” (Ferreira, 1987, p.195).
Segundo
Fátima Mendonça
A proposta de
periodização da literatura moçambicana de Fátima Mendonça (1988) foi uma das
primeiras a circular no Brasil. Mendonça reconhece três períodos formativos: de
1925 a 1945/1947, daí até 1964 e desse ano até 1975. Assim como a proposta de
Manuel Ferreira, a de Fátima Mendonça também não contempla as produções do
último quartil do século XX em diante.
a) 1º período: 1925-1945/1947. O primeiro período se estende desde 1925, com a publicação de O livro da dor, de João Albasini. Mendonça (1988, p.35) reconhece essa como uma das primeiras obras “produzidas com intenção marcadamente estética” na literatura moçambicana. A autora menciona também as produções de Augusto Conrado e de Rui de Noronha – este último conta com abundante colaboração nos periódicos, durante a década de 1930; seus poemas foram recentemente publicados, sob organização de Fátima Mendonça (Noronha, 2006).
Surge et ambulaDormes! e o mundo marcha, ó pátria do mistério.
Dormes! e o mundo rola, o mundo vai seguindo...
O progresso caminha ao alto de um hemisfério
E tu dormes no outro o sono teu infindo...A selva faz de ti sinistro ermitério,
onde sozinha à noite, a fera anda rugindo...
Lança-te o Tempo ao rosto estranho vitupério
E tu, ao Tempo alheia, ó África, dormindo...Desperta. Já no alto adejam negros corvos
Ansiosos de cair e de beber aos sorvos
Teu sangue ainda quente, em carne de sonâmbula...Desperta. O teu dormir já foi mais do que terreno...
a voz do Progresso. este outro Nazareno
Que a mão te estende e diz: — África surge et ambula!
[Rui de Noronha (NOTA 1)]
b) 2º período: 1945/1947-1964. Um segundo período tem
início a partir de 1945-1947, quando alguns jovens escritores começam a se
rebelar com a dominação política, conforme explica Orlando Mendes (Apud
Mendonça, 1988, p.37): Em 1947, a publicação de alguns poemas de Orlando Mendes
na revista portuguesa Seara Nova indica o início de uma forma mais
autêntica de literatura. Em 1948, Noémia de sousa publica seu primeiro poema e,
em 1948, morre o escritor João Dias, deixando um conjunto de contos – Godido
e outros contos – editados somente em 1952, pela casa dos Estudantes do
império. Segundo Mendonça, esses acontecimentos são marcados pelas mudanças
históricas que sucederam a segunda Guerra Mundial (1939-1945). Em Moçambique, a
literatura da década de 50 do século XX deixa entrever dois direcionamentos.
É nesse período,
segundo Mendonça, que se dá a primeira tentativa de criar um espaço literário
nacional em Moçambique. Nele estão incluídas as publicações da revista Itinerário,
do jornal O Brado Africano – já mencionado por Manuel Ferreira – e da
revista Msaho.
c) 3º período: 1964-1975. Fátima Mendonça (1988)
reconhece, a partir de 1964 (quando se inicia a campanha de libertação da
Frente de Libertação de Moçambique [Frelimo]), três linhas de força na
literatura moçambicana: “a literatura produzida nas cidades por intelectuais
que, em geral, assumem posições ideológicas de distanciamento do poder
colonial” (ibidem, p.41). nomes representativos desta vertente são Orlando
Mendes, Rui Knopfli, Glória de sant’anna, Jorge viegas, sebastião alba e
outros. É nesse período que surge a revista Caliban”.
Na Beira, cidade natal
de Mia Couto, surge também, nessa época, a revista Paralelo 20 – nela
circulava uma literatura “em que a clivagem produzida pelos acontecimentos de
1964 apenas funciona exteriormente” (ibidem, p.42). O poeta e jornalista
Fernando Couto, pai de Mia Couto, juntamente com Nuno Bermudes, é uma das
figuras que dinamizavam a vida cultural na Beira, promovendo a divulgação de
autores moçambicanos por meio da criação das coleções “Poetas de Moçambique” e
“Prosadores de Moçambique”.
GRITO NEGRO
Eu sou carvão!
E tu arrancas-me brutalmente do chão
E fazes-me tua mina
Patrão!
Eu sou carvão!
E tu acendes-me, patrão
Para te servir eternamente como força motriz
mas eternamente não
Patrão
Eu sou carvão!
E tenho que arder, sim
E queimar tudo com a força da minha combustão.
Eu sou carvão!
Tenho que arder na exploração
Arder até às cinzas da maldição
Arder vivo como alcatrão, meu irmão
Até não ser mais tua mina
Patrão!(CRAVEIRINHA, José. Xigubo. Lisboa: Edições 70, 1980, p. 13 [NOTA 2])
Obras
de alguns escritores
Para uma boa organização, levando em consideração as
fases que a literatura moçambicana passou e segundo Mendonça, vamos alistar
cada escritor no seu respetivo período. Para a fase ou primeiro período temos:
Obras: O Sonetos (1946), editado pela tipografia Minerva Central, Os Meus Versos, Texto Editores, 2006 (Organização, Notas e Comentários de Fátima Mendonça), Ao mata-bicho: Textos publicados no semanário «O Brado Africano» Pesquisa e Organização de António Sopa, Calane da Silva e Olga Iglésias Neves. Maputo, Texto Editores, 2007.
Segundo Período:
José João Craveirinha (Lourenço
Marques, 28 de Maio de 1922 – Maputo, 6 de fevereiro de 2003) é considerado o poeta
maior de Moçambique.
Obras:
CRAVEIRINHA, José (1964) Chigubo. Lisboa: Casa dos Estudantes do
Império.
Terceiro Período:
Paulina
Chiziane
(Manjacaze, Gaza, 4 de Junho 1955) é uma escritora moçambicana. Iniciou a sua
actividade literária em 1984, com contos publicados na imprensa moçambicana.
Com o seu primeiro livro, Balada de Amor ao Vento, editado em 1990,
tornou-se a primeira mulher moçambicana a publicar um romance.
Obras: Balada de Amor ao Vento: ( 1 ª edição 1990), Ventos do Apocalipse (1993), O Sétimo Juramento.( Lisboa: Caminho, 2000. ISBN 9789722113298), Ngoma Yethu: O curandeiro e o Novo Testamento, 2015.
Mia
Couto,
pseudónimo de António Emílio Leite Couto ComSE (Beira, 5 de julho de
1955), é um biólogo e escritor moçambicano.
Obras: COUTO, Mia
(1983) Raiz de Orvalho. Maputo: Cadernos Tempo, Vozes Anoitecidas (1ª ed. da Associação dos Escritores
Moçambicanos, em 1986; O Fio das Missangas (1ª ed. da Caminho em 2004;
4ª ed. em 2004).
CRAVEIRINHA,
José (1966) Cantico a un Dio di Catrame. (Edição Bilingue) Milão:
Lerici, Karingana Ua Karingana (1974). Lourenço Marques: Académica.
SOUSA,
Noémia de (2001) Sangue Negro. Maputo: Associação dos Escritores
Moçambicanos. [(2011) Maputo: Marimbique]
Figuras de Estilo
São estratégias que o orador (ou escritor) pode aplicar ao texto para
conseguir um determinado efeito ao texto para conseguir um determinado efeito
na interpretação do ouvinte (ou leitor). És aqui 20 figuras de estilos
mencionados e somente detalhado três a saber: Comparação, Ironia e Interrogação.
Aliteração, Assonância, Anáfora, Assíndeto, Anástrofe, Hipérbato,
Pleonasmo, Perífrase, Antítese, Paradoxo, Apóstrofe ou Invocação,
Comparação, Disfemismo, Gradação, Hipálage, Personificação, Hipérbole, Ironia, Metáfora
e Interrogação.
1.
Comparação – Consiste
na relação de semelhança entre duas ideias ou coisas, através de uma palavra ou
expressão comparativa ou de verbos a ela equivalentes (parecer, lembrar,
assemelhar-se, sugerir).
Exemplo: “O génio é humilde como
a natureza.” (M. Torga)
“A rua […] parece
um formigueiro agitado.” (Érico Veríssimo)
“Eu toco a solidão
como uma pedra.” (Sophia de Mello Breyner Andresen).
2. Ironia – Figura que
sugere o contrário do que se quer dizer.
Exemplo: Fizeste- la boa! – Dizemos nós a alguém que
fez um disparate.
O senhor Marquês estava
incomodado (bêbado).
3. Interrogação – Questão retórica, isto é, não visa uma resposta, antes procura dar
ênfase e criar expectativa.
Exemplo: Homens!
Mulheres! Que é isto? Quem vos trouxe a este mundo?
Quem vos
antecipou a norte? Quem vos amortalhou nesses cilícios?
Quem vos
enterrou em vida? Quem meteu nessas sepulturas?
[Vieira]
Funções da Linguagem
Sabemos que
a linguagem é uma das formas de apreensão e de comunicação das coisas do mundo.
O ser humano, ao viver em conjunto, utiliza vários códigos para representar o
que pensa, o que sente, o que quer, o que faz. Sendo assim, o que conseguimos
expressar e comunicar através da linguagem? Para que ela funciona? A
multiplicidade da linguagem pode ser sintetizada em seis funções ou
finalidades básicas. Vejamos a seguir:
1) Função Referencial ou Denotativa.
Palavra-chave: referente (É o objecto extra linguístico que se refere o signo,
isto é aquilo que é designado por este.);
2) Função Expressiva ou Emotiva.
Palavra-chave: emissor (Manifesta-se objectivamente.);
3) Função Apelativa ou Imperativa .
Palavra-chave: receptor (O emissor actua sobre o receptor, dando lhe ordens,
conselho, apelo, etc.);
4) Função Poética. Palavra-chave: mensagem
(Tem por objectivo enfeitar a própria mensagem.);
5) Função Fática. Palavra-chave:
canal ( Usa-se muito esta função quando há grande urgência ou desejo de comunicar.
Exemplo: Está lá! Aló! Não desligue!.). e;
6) Função Metalinguística.
Palavra-chave: código (É a função pela
qual a língua explica a própria linguagem. Exemplo: é comum o uso das
expressões ; Quer dizer, isto é, etc.).
Referência
Bibliográfica
SILVA, AC. O rio e a casa: imagens do tempo na ficção de
Mia Couto [online]. Pp. 34-57. São Paulo: Editora UNESP; São Paulo: Cultura
Acadêmica, 2010. 282 p. ISBN 978-85-7983-112-6. Available from SciELO Books
<http://books.scielo.org>.
LARANJEIRA, Pires: Literaturas Africanas de Expressão
Portuguesa, vol. 64, Lisboa, Universidade Aberta, 1995, pp. 256-262.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Rui_de_Noronha (Acessado no dia 17 de Marco de
2017-03-23).
https://pt.wikipedia.org/wiki/Mia_Couto (Visitado no dia 17.03.2017).
http://www.notapositiva.com/old/resumos/portugues/figurasdeestilo.htm (Pagina olhada no dia 17 de
Março de 2017).
NORONHA, Ruy de, Sonetos, s/d [1943], In FERREIRA,
Manuel. No Reino de Caliban III. Lisboa: Plátano Editora,1984, p. 37.
[NOTA 1].
https://pt.wikipedia.org/wiki/No%C3%A9mia_de_Sousa (Acessado no dia 17.03.2017).
http://www.soportugues.com.br/secoes/estil/estil14.php (Link visualizado no dia
17.03.2017).
https://pt.wikipedia.org/wiki/Paulina_Chiziane (Acesso feito no dia
17.03.2017).
http://lusofonia.x10.mx/Mocambique.htm (Acesso Registado no dia 17 de
Março de 2017).
CRAVEIRINHA,
José. Xigubo. Lisboa: Edições 70, 1980, p. 13. [NOTA 2].
Marcadores: Albinismo, Literatura Moçambicana, Literatura Portuguesa, Moçambique, Português
2 Comentários:
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A Professora Fátima Mendonça refere que:
"Tem um erro. O Livro da dor não e de poesia.Trata se de cartas dirigidas a uma jovem.Tem cunho autobiográfico. Foram publicadas postumamente"
Inez Andrade Paes
Eu AGORA FULLIFICAMENTE BECAU DE FINANCIAMENTO DO EMPRÉSTIMO QUE OBtive do Sr. Benjamin Lee. Gostaria de levar isto ao conhecimento do público sobre como eu entrei em contato com o Sr. Benjamin depois que perdi meu emprego e me foi negado empréstimo por meu banco e outra instituição financeira devido à minha pontuação de crédito. Não pude pagar os honorários de meus filhos. Eu estava atrasado nas contas, prestes a ser expulso de casa devido à minha incapacidade de pagar meu aluguel, Foi durante este período que meus filhos foram tirados de mim por adoção. Então eu me propus a buscar fundos online onde perdi $3.670 que pedi emprestado a amigos que me foram roubados por duas empresas de empréstimo online. Até eu ler sobre o Sr. Benjamin Lee ajudando as pessoas com um empréstimo on-line no qual este e-mail foi declarado (247officedept@gmail.com) em algum lugar na Internet, ainda não estava convencido por causa do que eu passei até que um parente meu que é um clérigo também me contou sobre o esquema de empréstimo em andamento a uma taxa de juros muito baixa de 2%% e termos de pagamento adoráveis sem penalidades por falta de pagamento. Não tenho escolha a não ser contatá-los, o que fiz através do texto +1-989-394-3740 e o Sr. Benjamin me respondeu Naquele dia foi o melhor e maior dia da minha vida que nunca poderá ser esquecido quando recebo um alerta de crédito de $400.000,00 do valor do empréstimo Usd que solicitei. Utilizei o empréstimo efetivamente para pagar minhas dívidas e iniciar um negócio e hoje eu e meus filhos estamos tão felizes e realizados. Você também pode contatá-los por e-mail: (247officedept@gmail.com) WhatsApptext helpline: +1-989-394-3740 Por que estou fazendo isto? Estou fazendo isto para salvar tantos quantos precisam de um empréstimo para não serem vítimas de golpes na Internet. Obrigado e que Deus abençoe a todos vocês, sou Oleksander Artem, de Horizon Park BC , Ukrain.
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