Figuras de Estilo
Introdução
E as figuras são divididas em figura de palavras (figuras semânticas ou tropos) e figura de pensamento.
Figuras de estilo
Vejamos:
Alegoria ─ sucessão de
comparações, imagens e metáforas que transmitem um pensamento sob forma figurada,
representando uma coisa para dar a ideia de outra, geralmente de ordem abstrata ou ainda pode ser considerada alegoria um recurso retórico-estilisco
em que se fazem corresponder, de modo minucioso e sistemático um nível de
significados literais e um nível de significado figurados.
Por exemplo: O barco da vida singrando,
enfrentando as tempestades, em busca do porto do abrigo.
Aliteração ─ repetição de
consoantes no inicio ou no meio de palavras, com objectivo de transmitir o
efeito musical, ou rítmico. Esta figura anda quase sempre alienada ȧ
assonância, como se verifica nestes exemplos:
Em horas inda louras, lindas (r+r+d+d+l+in+in)
Brincam no tempo das Berlindas (b+b+d+d+as+as).
Anacoluto ─interrupção na sequência
lógica da oração deixando um termo solto, sem sintáctica. Pois,algumas
gramáticas resumem, como sendo um desvio das regras normais da sintaxe.
Por exemplo: Todo o gosto do mundo…
É como… a escuma domar que uma onda a forma, outra a desfazer.
Anáfora ─ repetição
intencional de uma palavra ou expressão, para a fazer sobressair (se a
repetição se verifica no inicio de cada verso, ou de cada estrofe, designa-se
por epanáfora), em suma pode-se
afirmar que anáfora é repetição de palavras.
Por exemplo: Amor é fogo que arde
sem se ver,
É ferida que dói e não se sente ;
É
um contentamento descontente,
É dor que desatina sem doer…
(Camões)
Animismo: Em muitas obras a
figura de estilo é considerada equivalente a Personificação e prosopopeia.
E esses se definem como sendo, atribuição de características humanas a seres
inanimadas, imaginários ou irracionais.
Por exemplo: A vida ensinou-me a
ser humilde.
Antanáclase ─ utilização, na
mesma frase, de palavras semelhantes, na forma ou no som, mas com sentido
diferente, pode-se observar no exemplo abaixo:
Ex: Em vão
aos deuses vãos ele rezava.
Antítese – utilização de palavras
ou ideias de significado contrário, para acentuar a oposição entre ambas, ou
para realçar uma delas. Em outras palavras dizemos que uma frase pode ser
considerada antítese quando houver aproximação de ideias, palavras ou
expressões de sentidos opostos.
Por exemplo,1:Os bobos e os
espertos convivem no mesmo espaço.
Exemplo,2: Aquela triste e leda
[= alegre] madrugada.
(Camões)
Antonomásia ─ substituição do nome
próprio por qualidade, ou característica que o distinga. É o mesmo que
apelidado, alcunha ou cognome.
Por exemplo: Xuxa (Maria da Graça)
O Gordo (Jô Soares)
Apóstrofe ou invocação ─invocação dirigida
direta e momentaneamente a alguém ou alguma coisa presente, ou ausente, real
ou fantástico implicando interrupção da frase.
Por exemplo: E vós, ilustres antepassados, se nos ouvis,
apoiai-nos nesta empresa.
Olha lá, meu amigo, tem
cuidado com o que dizes.
Assíndeto é considerado aquela
frase que nela ocorre a supressão de conjunções, ou em que nelas há ausência da
conjunção adiviva entre palavras da frase ou orações de período. Essas aparecem
justapostas ou separadas por vírgulas.
Por exemplo: Nasci, cresci,
morri., (ao invés de: nasci, cresci e morri.)
Entrou, subiu as escadas, bateu com força á porta do quarto,
arrependeu-se. [em vez de] Entrou e subiu as escadas; bateu com força á porta
do quarto, arrependeu-se.
Assonância ─ repetição de sons
vocálicos, com intenção de transmitir musicalidade à frase, ou de evocar um
determinado ambiente:
Por exemplo: E as cantilenas de serenos sons amenos…
(Eugênio de Castro)
Catacrese ─ palavra que se usa
por analogia, ou metáfora tão usada que perdeu seu valor de figura e se tornou
quotidiana, não representando mais um desvio, isso ocorre pela inexistência das
palavras mais apropriadas, surge da semelhança da forma ou da função de seres,
facto ou coisas.
Por exemplo: O pé da mesa; a asa
do jarro; céu-da-boca; cabeça de prego; asa de xícara; dente do alho.
Comparação ou símile─ confronto entre duas
realidades semelhantes. A comparação é constituída por dois termos ligados por como, como se, tal como, assim como, qual.
Por exemplo: «O cipreste e o cedro
envelheciam juntos como dois amigos
no ermo (…) um raio de sol morria… como um
resto de esperança…»
(Eça
de Queirós)
Diácope ─emprego repetido da
mesma palavra, intercalada entre as outras.
Por exemplo: Tu, só, tu, puro
amor, crua […]
(Lusíadas)
Disfemismo ─forma desagradável
de referir uma realidade, para marcar distanciamento, falta de emoção.
Por exemplo: Esticou o pernil.
Bateu a bota [= morreu].
Elipse ─ omissão de palavras
(orações) ou expressões que, no entanto, são facilmente subentendidas.
Por exemplo: Vida aborrecida, a
dele. [Subentende-se: a vida dele é aborrecida]
Muito riso, pouco siso. [Subentende-se: Onde há muito riso, há pouco
siso]
Que maravilha! [Perante uma paisagem, por exemplo].
Epanáfora: Em muitas gramáticas
a figura de estilo é considerada semelhante a Anáfora, portanto veja a Anáfora.
Epizeuxe ─ é uma figura que
consiste na repetição de uma palavra para dar mais forca a uma ordem, a um
pedido, a uma exortação, etc.
Por exemplo: Foge, foge, senão
prendem ̶te.
Eufemismo – atenuação de algum
facto ou expressão com objectivo de amenizar alguma verdade triste, chocante ou
desagradável.
Por exemplo: Ele foi desta para melhor. (Evitando dizer:
ele morreu.)
Gradação ̶ Progressão ascendente ou descendente de
ideias ou palavras.
Por exemplo: Ganhou impulso, subiu e, finalmente voou.
Entristeceu, brotaram–
lhe as lágrimas nos olhos, largou em altos.
Hipérbole – exagero proposital com objectivo expressivo.
Por exemplo: Estou morto de sono.
Vi o Cangomba voando
de tanta pressa.
Hipálage – forma de realçar uma característica de uma pessoa,
atribuindo-a uma coisa que lhe pertence ou que com ela está relacionada.
Por exemplo: Lá estava o espetor, com antipático caderninho na mão. [antipático é atributo do inspetor, e não
do caderno]
Hipérbato – inversão forcada da ordem natural das palavras ou
das orações.
Por exemplo: Casos que Adamastor contou frutos [...]
(Luísarda)
[por Casos frutos que
Adamastor contou]
Imagem - representação sensível
de uma ideia, procurando torná–la mais fácil de captar.
Por exemplo: O rio, como uma
cobra, serpenteia lentamente pela areia, como que espreguiçando– se.
Interrogação ou
interrogação retórica – E uma pergunta que se faz não para obter resposta,
mas para chamar atenção para uma ideia. E frequente o uso desta figura oratória,
pondo em evidência a função fática da linguagem.
Por exemplo: Homens! Mulheres!
Que é isto? Quem vos trouxe a este mundo?
Quem vos antecipou a morte? Quem vos amortalhou nesses cilícios?
Quem vos enterrou em vida? Quem vos meteu nessas sepulturas?
Ironia – forma internacional
de dizer o contrário das ideias que se pretendiam exprimir. O irônico é
sarcástico ou depreciativo, e geralmente é usada na linguagem quotidiana.
Por exemplo: Que rica prenda tu
me saíste.
Metáfora – consiste em dar uma
coisa o nome de outra em virtude de uma relação de semelhança.
Por exemplo: Aquela mulher é uma
baleia.
Metonímia– atribuição do nome de
uma realidade a outra, aproveitando as conexões de sentidos entre as palavras
como, por exemplo:
– referir os atributos do indivíduo em vez do seu
nome:
O pai da
historiografia nacional [em vez de Fernão Lopes];
A alma dos
descobrimentos [pelo Infante D. Henrique]
– referir o autor pela obra:
Vou dedicar– me a ler Camões [= a obra de Camões].
–usar o lugar pelo que nele é produzido:
Acompanhou o jantar com um belíssimo Borba [= vinho da região de Barba].
Paradoxo ou oxímoro – aproximação de
palavras ou ideias de sentido oposto em apenas uma figura.
Por exemplo: "Estou surdo e ouço. Tapo os ouvidos e ouço".
Perífrase – Diz por muitas
palavras o que poderia dizer– se em poucas.
Por exemplo: Já sobre o coche de
évano estrelado
Deu meio giro a noite escura e feia;
NB: Para dizer apenas: Já era meia noite.
Referência
bibliográfica
Gramática Compacta da
Língua Portuguesa (2000), 1ª edição, Moçambique editora,
LDA; PP.120–126.
Gramática de
Português, [Consultada: 2015–04–01 09h06min: 00]. Disponível na internet:
http://portugues.com.br⁄gramatica⁄figuras–de–estilo–ou–linguagem.html
Por: Rosário Cangomba
Marcadores: Português
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