Vice-ministro do Interior da Bolívia assassinado por mineiros em protesto
BOLÍVIA | O vice-ministro do Interior da Bolívia, Rodolfo Illanes, foi espancado até a morte por mineiros depois de ter sido sequestrado, informou a imprensa local na Quinta-feira, 25.
Mais cedo, um porta-voz do governo disse em entrevista colectiva que Illanes havia sido sequestrado por mineiros em greve e que corria o risco de ser torturado.
Os mineiros de cooperativas fazem, há dias, protestos ferozes na Bolívia. Eles pedem mudanças nas regras que regem a actividade para poder assinar contratos com empresas privadas e defendem a ampliação de concessões de mineração, subsídios à energia eléctrica e importações de máquinas sem tarifas.
Na Quarta-feira, os grevistas bloquearam a estrada principal da Bolívia, ligando Cochabamba e Oruro, e quando a polícia tentou dispersá-los, houve confrontos que culminaram com 17 agentes de segurança feridos. De acordo com representantes dos mineiros, dois trabalhadores morreram por disparos.
Detidos mais de 100 manifestantes após assassínio de vice-ministro da Bolívia
O ministro da Defesa boliviano, Reymi Ferreira, declarou ao canal de televisão Red Uno que o governo não vai deixar o crime passar impune e que os agentes detiveram já entre 100 e 120 pessoas no âmbito da investigação ao caso.
Segundo Reymi Ferreira, o Presidente da Bolívia, Evo Morales, "está profundamente comovido" e a morte de Illanes causou uma "profunda dor" porque era um vice-ministro "muito querido".
O ministro anunciou que o chefe de Estado vai reunir-se às 05:00 (10:00 em Lisboa) com os ministros e que, nessa altura, vão ser reveladas as medidas a tomar face ao conflito com os mineiros organizados em cooperativas.
Reymi Ferreira afirmou que atualmente o governo está preocupado em recuperar o corpo de Illanes, e acusou os mineiros de serem "intransigentes" por não permitirem a remoção do corpo para que seja submetido a uma autópsia e posteriormente entregue aos familiares.
"É uma atitude terrivelmente criminosa a que estes dirigentes estão a demonstrar", afirmou, aludindo aos líderes da Federação Nacional das Cooperativas Mineiras (Fencomin), que convocou os protestos contra uma lei promulgada pelo Governo.
Os mineiros rejeitam-na porque estimula a formação de sindicatos nas cooperativas, o que entendem ser prejudicial para o funcionamento desse tipo de organizações.
O "cobarde" e "brutal assassínio" de Illanes foi confirmado, pouco antes, pelo ministro do Interior, Carlos Romero, numa declaração aos jornalistas a partir do Palácio do Governo.
Essa declaração veio confirmar a versão que circulava há horas, quando o jornalista Moisés Flores, diretor da rádio Fedecomin, afirmou ter visto o corpo num monte do planalto, perto da localidade de Panduro, a 180 quilómetros da capital, La Paz, onde voltaram a registar-se violentos confrontos entre mineiros e a polícia.
Carlos Romero disse que o vice-ministro do Interior, Rodolfo Illanes, pediu para ir a Panduro para abrir uma janela de diálogo com os manifestantes que, há três dias, bloqueiam estradas em forma de protesto contra uma lei sobre sindicatos promulgada pelo Presidente Evo Morales.
O ministro realçou que, através de diferentes meios, o governo exortou os mineiros a libertar Illanes, que terá sido morto entre as 17:30 e as 18:00 (22:30 e 23:00 de quinta-feira em Lisboa).
"Queremos não apenas expressar o nosso profundo repúdio por este ato criminoso sem precedentes, mas também solicitar à Justiça que esclareça este assassínio e apure responsabilidades", concluiu o ministro.
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