Cerâmica Tradicional
No domínio da engenharia, os materiais cerâmicos são
frequentemente divididos em dois grandes grupos: Os cerâmicos tradicional e os
cerâmicos técnicos.
Os cerâmicos técnicos são formados normalmente por
compostos puros ou quase puros, tais como a alumina (Al2 O3), o carboneto de
silício (SiC), a zircônia (ZrO2) ou nitreto de silício novos matérias, como
cerâmicas piezoeléctricas, fibras ópticas, capacitadores, combustível nucleares,
biomatérias (próteses), produtos de alta resistência (abrasivos, ferramentas, de
corte SiC, Al2 O3, carboneto de
tungsténio), de alta temperatura (refractários para industria cimentícias,
metalúrgica, e vidro) de alta resistência e temperatura (compósitos termo
estruturais).
Por sua vez, os cerâmicos tradicionais estão
geralmente associados aos matérias silicatadas, fazendo normalmente parte da
sua constituição três componentes básicos a argila,
a sílica e o feldspato. A argila é responsável pelas
propriedades plásticas necessárias à moldagem do material antes de este
endurecido por cozedura. A sílica é o esqueleto não deformável dos cerâmicos e
o feldspato tem a importante função de reduzir
a temperatura de fusão da
mistura. Os cerâmicos tradicionais incluem os matérias típicos de olaria e os
matérias e os matérias utilizados usualmente na construção. Alguns exemplos
destes matérias são tijolo, a telha, o grés e o azulejo utilizados na indústria
da construção ou a porcelana eléctrica com forte aplicação na indústria
eléctrica.
Estrutura
dos cerâmicos
Conforme referido, os matérias cerâmicos são essencialmente
constituídos por elementos metálicos e não-metálicos ligados quimicamente entre
si por ligações do tipo iónico e covalente. O carácter mais iónico ou covalente
das ligações depende da diferença de electronegatividade entre átomo
constituintes desses compostos, que pode ser estimado a partir da equação de
Pauling. Consoante o grau de ligação iónica ou covalente serão obtidos
diferentes tipos de estruturas cristalinas. Por exemplo, a SiO2, apresenta
cerca de 51% de carácter iónicos de 49% de carácter covalente, ao passo que
alumina (Al2O3) possui 63% de carácter iónico e 37% de carácter covalente. Já o
carboneto de silício (SiC) apresenta ligações muito fortes de carácter quase
exclusivamente covalente (89%).
Cerâmicas
silicatadas
Os matérias cerâmicos com estrutura do tipo silicato,
constituídos por átomos de silício e
oxigénio ligado entre si de diversas formas, são presença importante nos
matérias de construção, como o vidro, o tijolo, as porcelanas, a louça de mesa
ou o cimento portland.
Devido à enorme abundância de silício e oxigénio na crosta
terrestre e a elevada resistência da ligação Si-O, muitos minerais existentes na natureza, como a argila, o
feldspato e a mica, são silicatos (Boch e Nièpce 2007). A disponibilidade e
baixo custo deste tipo de materiais aliado a algumas das suas propriedades
específicas, torna-os adequados no domínio da engenharia.
Propriedades
mecânicas dos cerâmicos
A resistência mecânica dos matérias cerâmicos é
afectada por vários factores incluindo a composição química, a microestrutura e
as condições de superfície. A temperatura, o tipo de tensão e o modo como é
aplicada também são factores importantes.
A
resistência à tracção diverge consideravelmente em função do tipo de material
cerâmico, podendo variar entre valores inferiores a cerca de 0,7 MPa até cerca
de 7GPa. Porém, poucos são os cerâmicos que possuem resistências à tracção
superior a 170 MPa, estando usualmente associados a cerâmicos técnicos. Em
geral a resistência à compressão é cerca de 5 a 10 vezes superior à resistência
à tracção.
Devido às suas ligações iónicas e covalentes, muitos
matérias cerâmicos são duros e possuem uma baixa resistência ao impacto. Devido
à elevada dureza dos matérias cerâmicos é difícil e custoso manufacturá-los. No
entanto, há excepções. Por exemplo, a argila é um material cerâmico que é macio
e deformável, devido às forças das ligações secundárias que existem entre as
camadas de átomos fortemente ligados de forma iónico e covalente.
A elevada dureza de alguns matérias cerâmicos
torna-os úteis para funcionarem como abrasivos para corte desbaste e polimento
de matérias de menor dureza. A alumina e o carboneto de silício são dois dos
abrasivos mais utilizados.
A resistência dos matérias cerâmicos é afectada por
defeitos existentes na estrutura. As
principais fontes de fractura são fendas
superficiais originadas durante o processo de acabamento, poros, inclusões e
grãos grandes durante o processamento térmico.
Nos poros aparecem tensões concentradas que quando
excedem um dado valor crítico, forma-se uma fenda que se propaga. Uma vez
criadas as condições para início da propagação, as fendas continuam a crescer
até ocorrer a rotura. Os poros são também prejudicais porque diminuem a área de
distribuição de tensões no cerâmico. Logo, o tamanho e a fracção dos poros nos
cerâmicos afectam a sua resistência.
Outras
características
Em geral os matérias
cerâmicos apresentam baixo condutividade térmica devido às ligações iónicas e
covalentes entre átomos, pelo que são bons isolantes térmicos. Devido à sua
elevada resistência ao calor, os cerâmicos são usados como refractários, ou
seja, matérias que resistem à acção de ambiente quentes, tanto líquidos como gasosos.
Os cerâmicos tradicionais são igualmente considerados eléctricos. Os cerâmicos
tradicionais são igualmente considerados isolantes eléctricos. Os electrões de
valências estão presos nas ligações e não estão livres como sucede nos metais
(Carter e Norton 2007).
Um grande número de cerâmicos é estável em ambiente
quimicamente e termicamente agressivos (Carter e Norton 2007). A humidade, a
vegetação e o fogo são os agentes com pior efeito sobre os cerâmicos. A acção
dos dois primeiros é agravada nos produtos de maior porosidade. A acção de fogo
reduz a resistência à compressão dos cerâmicos e dado que as peças não se
dilatam uniformemente têm tendência a desagradar-se.
Matérias-primas
As diferentes matérias-primas têm grande influência
na reologia da pasta, microestrutura, formação de fases e propriedades da
cerâmica final após a sinterização. A escolha e preparação rigorosa da
matéria-prima são fundamentais para que esta depois possa ser propriamente
transformada em cerâmica durante a sinterização, que ocorre em condições
adequadas de temperatura, taxa de aquecimento e atmosfera de queima (Boch e
Nièpce 2007).
A qualidade da cerâmica para além de ser afectada
pela composição de matérias-primas é
também bastante influenciada pelas próprias propriedades físicas da
matéria-prima (Boch e Nièpce 2007), nomeadamente no que concerne à dimensão e
forma das partículas, e ao estado de aglomeração, densidade, área superficial e
compacidade da mistura granular.
Argila
Na base dos cerâmicos tradicionais estão os minerais
argilosos que quando húmidos adquirem a plasticidade necessária para a fase de conformação.
Este material quando seco perde a plasticidade e adquire rigidez. No entanto, a
sua futura reidratação restabelece as propriedades inicias da argila. É o
processamento térmico que causa transformações físico – químicas irreversíveis
na argila, resultando um novo material que perde definitivamente a sua
plasticidade e a reidratação deixa de ser possível (Boch e Nièpce 2007). São
estas propriedades que conferem à argila a sua singularidade tão apreciada pela
indústria cerâmica.
A argila é a matéria-prima mais espalhada pela
superfície terrestre, sendo constituída por vários espécies minerais, entre as
quais predominam os minerais argilosos que são filosilicatos supergénicos
gerados no decurso da alteração das rochas e da evolução dos solos.
Quimicamente os minerais argilosos são silicatos de alumínio hidratados podendo
conter outros elementos em menor quantidade, como o potássio, o magnésio, o
cálcio e o sódio. Os minerais argilosos mais comum são a caulinite, a ilite, a
montmorilonita, a atapulgita e a sepiota. Na presença da água, as argilas
adquirem grande plasticidade demonstrando ainda grande coerência quando secas
(Carvalho 1978).
Veja os tipos de argilas:
Argilas puras
(cor
de cozimento branca)
|
Argilas impuras
|
Caulinos
e argilas plásticas
|
Argilas
fusíveis ou terracota (produtos de barro vermelho)
|
Argilas
refractárias (caulino, argilas refractárias e altamente a luminosas)
|
Argila
vitrificáveis para produtos de grés
|
As argilas são ainda denominadas de gordas ou magras
consoante possuem maior ou menor quantidade de colóides na sua composição.
Naturalmente, as argilas gordas estão associadas a maior plasticidade e maiores
deformações durante o cozimento. As argilas mais magras com maior qualidade de
sílica tendem a ser mais porosas e menos plásticas.
Marcadores: Construção civil
0 Comentários:
Postar um comentário
Assinar Postar comentários [Atom]
<< Página inicial